Mapeamento sanitário rural do Recôncavo da Bahia

Ludmilla Santana Soares e Barros

Resumo


A magnitude das doenças de veiculação hídrica é maior e impossível de ser quantificada principalmente em regiões remotas do planeta, como o Recôncavo da Bahia, onde a população usualmente utiliza reservatório privados de água, tais como poços artesianos sem nenhum tratamento da água e controle de qualidade. O presente trabalho teve como objetivo coletar dados referentes às condições do saneamento rural na região do recôncavo baiano e compará-los com as legislações específicas federais e internacionais vigentes. Para tal fito, foram utilizados questionários referentes às condições de captação de água no meio rural, às condições de descarte dos resíduos de origem animal no meio rural e aos tipos de criação animal e vegetal; detecções das concentrações de coliformes totais, Escherichia coli, Enterococcus e microrganismos mesófilos e obtenções dos valores de turbidez, cloro residual livre e cor. As águas subterrâneas investigadas estavam altamente poluídas, com altas concentrações de coliformes totais (>2.000 NMP/100mL), Escherichia coli (>2.000 NMP/100mL), Enterococcus (>2.000 NMP/100mL) e microrganismos mesófilos (106 a 109 UFC/mL), e não seguras para o consumo humano, considerando as legislações nacionais e internacionais. Os valores de cor, turbidez e cloro residual livre também estavam exacerbados e acima dos valores máximos permitidos. A despeito dos grandes esforços realizados por programas de desenvolvimento nacional e internacional, as comunidades perscrutadas nesta inquirição ainda estão expostas à água de péssima qualidade e medidas urgentes devem ser realizadas em toda a cadeia da água, com o fito de instituir nesta região o saneamento básico.


Palavras-chave


água; colimetria; cor; turbidez.

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