Atividade cicatrizante do óleo fixo de Ouratea spp.

Adjanna Karla Leite Araújo, Ana Débora Nunes Pinheiro, Adriana da Rocha Tomé, Selene Maia de Morais, Maria Liduina Maia de Oliveira, Regina Célia Bressan Queiroz de Figueiredo, Diana Célia Sousa Nunes-Pinheiro

Resumo


Avaliou-se o efeito do óleo de Ouratea spp. (Batiputá) sobre a cicatrização de feridas cutâneas em modelos experimentais in vivo. O óleo vegetal foi adquirido comercialmente em Fortaleza, Ceará, Brasil, e analisado química e microbiologicamente. Camundongos (n=30) Swiss, machos, pesando cerca de 30 gramas foram distribuídos em três grupos (n=10): Grupo I tratado com NaCl a 0,9%; Grupo II tratado com óleo de Helianthus annus (grupo de referência) e Grupo III tratado com óleo de Ouratea spp. Feridas cutaneas foram induzidas no dorso de todos os animais que receberam 100 µL de cada tratamento aplicado na lesão, diariamente, por 12 dias consecutivos. Parâmetros macroscópicos e a mensuração da área da lesão foram realizadas diariamente e fragmentos das lesões foram coletados nos dias 2, 7 e 12 para avaliações histológicas. O óleo de Ouratea spp. apresentou como principais constituintes os ácidos linoléico (40,88%) e oléico (28,29%). O óleo de Ouratea sp. iniciou o processo de retração da área da lesão no 4º dia, enquanto que o óleo de H. annus e NaCl a 0,9% iniciaram o processo de retração da área da lesão no 7º e 6º dia, respectivamente (p<0,05). O tratamento com o óleo de Ouratea spp. apresentou uma colagenização mais acentuada quando comparado aos outros tratamentos (p<0,05). Estes efeitos podem estar associados aos altos níveis de ômega-6 e ômega-9 presentes nesse óleo. Concluiu-se que o óleo de Ouratea spp. apresenta um grande potencial terapêutico para uso em cicatrização cutânea.



Palavras-chave


Ouratea spp; Ochnaceae; ácidos graxos; cicatrização; feridas cutâneas

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