Estudo fitoquímico e atividades biológicas do limãozinho Zanthoxylum syncarpum Tull
Resumo
Algumas doenças consideradas negligenciadas, como o dengue e a leishmaniose, ainda não têm medicamentos e/ou formas de controle eficazes. O gênero Zanthoxylum apresenta vários metabólitos secundários como alcaloides, flavonoides, cumarinas, lignanas e terpenos, e tem sido amplamente utilizado na medicina popular para diversos fins. O objetivo deste estudo foi identificar os principais compostos do extrato etanólico das folhas do limãozinho (EEFL), Zanthoxylum syncarpum Tull. e avaliar sua atividade contra Artemia salina, Aedes aegypti e Leishmania infantum chagasi e inibição da acetilcolinesterase (AChE). O teste de toxicidade frente à A. salina foi realizado nas concentrações de 1.000, 100, 10 e 1 μg/mL com 10 larvas por tubo. A atividade contra A. aegypti foi testada nas concentrações de 1000, 500, 250, 100 e 50 μg/mL com 25 larvas por tubo. O ensaio leishmanicida foi realizado em placa de 96 poços, com 106 parasitos por poço com EEFL nas concentrações de 100, 50, 25, 12,5 e 6,25 µg/mL. Para determinar a atividade de inibição da AChE foram usadas soluções de ácido 5,5’-ditiobis-2nitrobenzóico e iodeto de acetilcolina em tampão em cromatoplaca. A inibição foi verificada com base na medição da espessura dos halos brancos em torno das amostras. Dicromato de potássio, pentamidina e fisostigmina foram usados como droga padrão para os testes artemicida, leishmanicida e anticolinesterásico respectivamente. Todos os ensaios foram realizados em triplicatas. O EEFL apresentou CL50 com valores de 17,73 e 49,39 µg/mL para A. salina e A. aegypti respectivamente e contra L. infantum chagasi, apresentou CE50 semelhante à droga padrão, com valores de 16,03 e 23,71 µg/mL respectivamente. A partir destes resultados, conclui-se que o EEFL, Z. syncarpum Tull. apresenta alternativa para o desenvolvimento de drogas leishmanicidas e larvicidas.
Palavras-chave
Referências
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